DIVERGENTE

Não, nunca aconteceu comigo conta uma amiga. Eu novamente reflito o porquê eu atraio estas pessoas. Percebi na adolescência que sou assim. Posso ir ao mercado, ao banco, ao correio, a farmácia e a padaria. Na época do colégio, da faculdade, do curso de inglês isto também acontecia. No dia da minha primeira entrevista de emprego, no trem, no metrô, no ônibus, a pé, ou de avião, a rotina não muda. Às vezes, as estranhezas deixam de acontecer por um tempo, mas quando retornam elas são intensas. Você deve estar se perguntando, o quê de tão inusitado acontece com esta moça, pois bem falarei.

- Minha filha está testando algumas cozinheiras, mas nenhuma para, não fica mais de um dia, nenhuma delas sabe cozinhar, outra um dia até me perguntou o que deveria fazer para as crianças almoçarem. Eu lá preciso saber o que ela deve fazer para o almoço quando a cozinheira é ela? E não eu? Desabafa a elegante senhora na fila do açougue do mercado Sonda.

- Sabia que você é muito bonita? Envergonhada fico. Converse comigo eu não vou roubar você. Eu já roubei muito. Roubei carro, casas e já fui preso, mas agora não faço mais nada disto eu mudei. Como acreditar em Ricardo? Quando a sinceridade dele fala mais alto? Você tem namorado? Seu marido é ciumento? Eu não quero que ele brigue com você, e continua falando... Passadas algumas semanas ainda lembro-me deste encontro. Eu havia pensado que nunca mais fosse ver o tal morador de rua. E para a minha surpresa quem eu encontro? O próprio, numa esquina do Higienópolis com uma bicicleta que ele diz ter comprado. Com que dinheiro?  Ganhei um dinheiro e comprei. Mesmo que ele estivesse falando a verdade é difícil acreditar.

- Nossa! Que caminho é este que o ônibus faz? Que volta hein? A simpática jornalista comenta comigo. Não é volta é atalho ele não ficará no trânsito você verá... Eu estou grávida. Grávida? Que lindo! Parabéns! Meu marido não sabe. Não sabe? Você ainda não contou pra ele? Contei, mas não contei. Disse que o resultado foi inconclusivo e estou aguardando o retorno do médico. Mas hoje assim que chegar do serviço contarei pra ele, quero fazer surpresa, até comprei uma roupa para a noite de hoje.

Todos alegam estarem fartos de tantos escândalos e esperam que o Brasil mude após as eleições. Ou estou errada? Mas como o Brasil mudará se você não se preocupa com a pessoa que senta ao seu lado no ônibus? Que tenta desabafar na fila do mercado ou do banco? Não estou dizendo que você deverá se transformar em Bom Samaritano. Porque há dias que não queremos falar com nossos pais, filhos, marido, esposa, simplesmente queremos emudecer. Para que o nosso país mude é preciso mudar a forma de fazer política, sim isto é fato, não é opção. Entretanto se nós começarmos a enxergar os problemas das pessoas que nos rodeiam talvez o “nosso país” atinja o alvo de ser um mundo menos corrupto. Uma vez que passamos a ajudar as pessoas que necessitam, e nem sempre elas precisam de empregos, saúde, educação e que a inflação esteja em baixa...Há aquelas que simplesmente querem um olhar divergente!

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